Zeh estava se sentindo traído. Fechou os olhos e explodiu em um grito.
- Filhos da puta!
Por sorte, nem Dona Pertídia nem Bargapo ouviram o palavrão pelo lado de dentro da casa. Continuaram ali, debaixo da luz da sala e atrás da janela aberta, sendo vigiados pelo menino. A mãe de Zeh entregou alguma coisa para o velho, que analisou por alguns instantes, enquanto ela falava. Bargapo devolveu para Dona Pertídia e logo em seguida sentou-se.
Zeh não sabia se era uma boa idéia continuar observando o que ia acontecer, ainda mais quando lembrou da caixa que esqueceu em seu quarto.
Agachou-se um pouco mais e andou lentamente para a esquerda. Resolveu ir até o seu quarto. Andou por 1 minuto, até chegar debaixo da janela. O sol abria mais e mais. Depois da chuva do dia anterior, o calor era escaldante.
Ainda abaixado, colocou a mão direita no para-peito, olhou para cima e viu pelo menos uma parte da janela de madeira, pintada de azul. Ela estava aberta.
Levantou-se e em um "pulo de gato" já estava dentro do seu quarto. Lembrou por um momento que a chave estava na gaveta. Enquanto isso, na sala, os dois continuavam conversando. Antes de qualquer coisa, correu para a porta do quarto para olhar mais uma vez o que Dona Pertídia e Bargapo estavam fazendo lá dentro. A porta estava aberta pela metade. Empurrou um pouco mais para o quarto, a única coisa que conseguia enxergar na sala era o ombro direito da mãe, que estava na frente de Bargapo, ainda sentado.
Esperou alguma reação dos dois e então Dona Pertídia se virou e colocou em cima da mesa uma gaveta. Zeh se viu perdido.
- Pronto! Pegaram tudo.
A chave já está na mão do velho, pensou.
Saiu da porta, voltou e olhou para o seu móvel. Gelou ao ver que do lado esquerdo, na parte de cima da escrivaninha, faltava uma gaveta. Mas ele sabia que nem tudo estava perdido, nem tudo.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
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