quarta-feira, 29 de agosto de 2007
CAPÍTULO II_Eis o presente
Como a maioria das vilas, Amargo não podia deixar de ter uma capela, onde as reuniões oficiais aconteciam na Segunda-Feira, pois para eles, era o dia menos esperado da semana, o dia que terminava o descanso e começava o trabalho. Fazer os cultos no começo da semana era como dar um motivo de ninguém rejeitar o indesejado dia, para eles, era considerado um pecado grave não aproveitar o dia, o sol, a chuva e a natureza em geral. Em rodízio, toda Quarta-feira o culto era feito em uma casa diferente. Na “mansão” 27 parecia ser mais divertido.
Zeh finalmente retirou o embrulho. Dentro dele estava uma caixa de madeira com detalhes que ninguém ali presente imaginava que pudessem ser desenhados em um tronco de madeira. O Monte Alicerce era rico em natureza. O verde era praticamente a cor que predominava e Seu Aristides o conhecia como a palma da mão. Foi de lá que ele tirou aquele pedaço de madeira e a partir dele, fez aquela caixa. De quinze a vinte dias, este foi o tempo que demorou para a peça ser esculpida. Com a madeira de Tauari, material com o qual a caixa foi feita, podia-se obter resultados formidáveis. Era macia ao corte, o que permitia ótimos acabamentos. Seu Aristides usou todo o conhecimento que guardava do avô de Zeh para presentear o garoto da forma mais inteligente possível. Sim, era uma linda caixa, ela brilhava. Tinha detalhes incríveis, uma forma jamais vista na Vila, com desenhos e listras alternando nas cores bege e marrom. As visitas voltaram ao normal depois da surpresa do tão esperado presente. Ficaram deslumbrados com tamanha beleza da caixa que o aniversariante ganhara. O silêncio mais uma vez foi quebrado quando alguém soltou na sala.
-Uma caixa de moedas!
Palpite precipitado. Dentro da caixa havia um bilhete que o pai escrevera para Zeh.
“Parabéns! Você já é um rapaz. Não mostre os objetos para ninguém. Feche a caixa e dê um lindo sorriso para todos. Explicarei tudo depois.”
Ao ler a carta, ele disse com uma expressão meio sem graça.
-Obrigado pai. Vou começar a juntar as moedas.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
CAPÍTULO I_Começa a vida de Zeh
Zeh. Quem nunca ouviu falar nesse jovem rapaz que vive nas redondezas da montanha das Folhas Secas?
Como um exemplo, Zeh sempre foi muito elogiado pelos seus vizinhos da Vila Amargo, um pequeno vale que se encontra entre a montanha das Folhas Secas e o verde e agradável Monte Alicerce.
Desde criança, Zeh já se esboçara um grande inventor. Seu sonho era viajar para alguma cidade grande e mostrar ao mundo suas idéias. Quando completou sete anos, ganhou do seu querido pai um presente que iria marcar para sempre a sua vida. Zeh recebera um embrulho dourado que brilhava com o reflexo da luz superior.
Na Vila Amargo, ganhar um presente embrulhado era uma grande honra. Os embrulhos não eram fáceis de ver naquelas redondezas, e o “Seu Oristides”, pai de Zeh, surpreendeu todos quando lhe entregou o presente.
Ele ficou abismado com o que segurava entre as mãos. Olhou ao seu redor e se assustara com o tamanho dos olhos das pessoas que estavam ali aguardando o tão esperado “canto de palmas” para logo em seguida comer a deliciosa torta de pêssego da “Dona Pertídia”.
Começou com alguns movimentos para abrir o embrulho, que fazia barulho com a agitação dos seus dedos.
Enquanto isso, o recinto aguardava em silêncio, imaginando o que estava por vir. Parecia que Zeh estava vivendo um momento único em sua vida. Sentia-se uma aberração com toda aquela atenção voltada para ele. Seu Oristides era o único pai da Vila Amargo que poderia proporcionar ao filho um presente com um embrulho daqueles. Ele trabalhava na “Casa de Manutenção das Águas”, uma represa situada há
_ Ohhhhhh!
Depois desse dia, a vida dele nunca mais foi a mesma.