Sete anos. Essa era a idade de Zeh quando ganhou o último presente de Seu Oristides. Suas lembranças da infância com o pai eram pequenas, com essa idade pouca coisa fica na memória. Mas ele parecia ter convivido o suficiente. Tinha o jeito, a inteligência e a tranqüilidade do pai. Aprendeu com ele muita coisa e, agora, já passava de um menino. Na última noite, quando se retirou da mesa de jantar para dormir, sentiu que o momento havia chegado. Não podia deletar da memória o presente que recebera aos sete anos. Sua vida estava sem sentido. Ignorar toda aquela história envolvida com fantástica caixa de madeira de Tauari seria um descaso da sua parte. Alguma coisa ele tinha que fazer.
Zeh amanheceu mais cedo. Às 5:12h da manhã ele já estava de pé em seu quarto, olhando para um espelho grande, que ficava na frente de sua cama. Ao lado, um cômodo escuro, com aparência antiga. Nas gavetas ficavam suas roupas e na parte de cima, Zeh colocava o pente, alguns quadros com fotos e um cordão que pendurava no pescoço toda manhã. Depois de nove anos sobrevivendo calado e estático, a partir de agora os dias seriam outros. Olhou por alguns minutos para o espelho, perguntando a si mesmo se era aquilo que devia ser feito. Foi até o banheiro, lavou o rosto e voltou para o quarto. Sua mãe ainda estava adormecida. O sol ainda era tímido lá fora.
No canto do quarto, havia um baú onde guardava todas as suas bugigangas. Brinquedos de quando era mais novo, roupas velhas, alguns sapatos e chinelos. Nada disso interessava agora. Vasculhou o baú mais alguns minutos, colocando o que não queria em cima da cama. No fundo, a caixa que rejeitara desde a morte do seu pai, que agora estava na frente dos seus olhos. Tomou coragem e mais uma vez estava ali, segurando o presente nas mãos. Abriu delicadamente a caixa e ouviu o barulho fino das dobras de metal que prendiam a tampa. Leu novamente o recado que seu pai deixou. Logo abaixo tinha uma lista dos objetos que estavam na caixa.
1 – A Chave. Abra os olhos antes de abrir as portas.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
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2 comentários:
rapaz, o Brasil tem inúmeros Zeh's, mas acho que nenhum vai tornar-se tão famoso como esse camaradinha ai hein...
abraços...M.Lobato!
Ai ai ai. Quanto mistério.
Pq vc não marca os dias certos da semana em que atualiza o blog?
Tipo: 3ª e 5ª
Que tal?
Beijocas,
Amanda Tito
Curiosa? Talvez?
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