segunda-feira, 24 de setembro de 2007

CAPÍTULO VIII_Quem cedo madruga

Zeh já estava acostumado a acordar cedo nos últimos dias. Na última noite, a mãe lhe contou o que ela havia conversado mais cedo com o Bargapo. Ficou sabendo que ele era um antigo amigo do Seu Oristides e que, os dois, cresceram juntos na Vila Amargo. Estudavam e brincavam o dia todo. Andavam pelas Vilas mais próximas, entravam na mata, inventavam e achavam coisas novas por lá. Zeh já tinha ouvido algumas histórias do pai com um velho amigo, mas não se recordava muito dos detalhes e nem imaginava que esse amigo poderia ser o rude Bargapo. Ele não tinha um companheiro como o pai tinha na infância, por isso, arrumava um jeito de se divertir e passar o tempo sozinho. Na infância, Zeh criava as coisas por sua conta, uma delas foi tirar por completo o grafite do seu lápis de escrever, introduzindo-o dentro de um metal cilíndrico um pouco maior e mais largo que o grafite. Quando percebeu que o grafite era menos grosso e que não daria para escrever, raspou toda sua borracha em uma lixa e jogou no cilindro com o grafite já dentro. Finalmente, o grafite estava fixo dentro do metal. Quando acabasse a ponta, ele empurrava para baixo com um palito de fósforo e escrevia à novamente. Enquanto escrevia, a sala perdia a atenção da aula com a luz do sol refletindo no “lápis” do Zeh. Pra sua idade, era uma idéia e tanto.

Preparou seu café mais cedo e foi andando pra casa do velho. Quando chegou, a casa parecia abandonada. A fachada estava um pouco largada, pois o Outono passado derrubou algumas folhas das enormes mangueiras que rodeavam a casa e, pelo visto, Bargapo não estava nem aí com a sujeira em cima do telhado. Não ouviu nenhum barulho, estranhou que o velho ainda estivesse dormindo. Chegou mais perto e foi tirar a curiosidade antes que Bargapo o visse bisbilhotando. Atrás da casa, onde o velho dormia, havia um pequeno galpão que imaginou ser utilizado para a fabricação das peças. Zeh se aproximou. Tinham duas janelas que arejavam ou iluminavam ainda mais o local. Uma das janelas estava aberta, o menino não perdeu tempo e foi matar a curiosidade. A janela era da altura do seu pescoço, não faria nenhum esforço para ver o que tinha dentro do seu novo local de trabalho. Apoiou a mão em cima do pára-peito e esticou um pouco os pés. Num susto tremendo, viu o velho levantar rapidamente com uma máscara esquisita e um maçarico aceso nas mãos. Em um som abafado, pôde entender muito bem o que tinha dito.

- Estou vendo que você está preparado, meu rapaz.

7 comentários:

Anônimo disse...

Mas o Zeh é curioso hem...rs!
Mas que legalll...ainda quero descobrir o que Zeh pretende com isso tudo... cena p/os próximos capítulos...rs!
;**

Anônimo disse...

queria ver se tivesse um pit bull na casa do ferreiro.... hauhaz

rabiscos, nada mais disse...

Ai, tô adorando João. Adoro os mínimos detalhes como você descreve o cenário. Queria conhecer a Vila Amargo!

=P

Unknown disse...

23 capitulos?!
rs

Thiago Fonseca disse...

todo mundo aqui.....será que ninguém quer saber quem matou a THAIS?

Dedinhos Nervosos disse...

Adorei o jeito q vc descreveu a invenção da lapiseira dele!

Mariana A. Klein disse...

muito massa cara! quando sai o próximo capítulo? eu quero saberrrrrr ahauhauah !!! to adorando a história!

Mari.